LAJEDO DE PAI MATEUS - PARAÍBA - BRASIL
Quando se fala em sertão nordestino, a primeira impressão
que se tem é de que corresponde a um deserto, com galhos secos e poeira
somente. Mas não é bem assim.
Estivemos no Cariri Paraibano, em um município considerado
como um dos mais secos do país, com baixíssimo índice pluviométrico. Mas...
Surpresa!!! Em primeiro lugar, estava chovendo. Não muito, mas o suficiente
para fazer brotar toda a beleza do ecossistema do semiárido!
Flores belíssimas, até mesmo os rios correndo, lembrando
que os rios, no sertão, não são perenes, sendo possível vê-los somente na época
de chuvas.
Outra surpresa foi a presença de animais que não são
vistos mais tão facilmente, como emas e seriemas soltas em seu habitat natural,
sem falar na enormidade de lagartos que se deslocam rapidamente entre as
trilhas e caminhos! E por que não? Sapos, rãs, cobras, tejuaçus (ou teiú-açus,
como preferirem)...
Bom, primeiro, para chegar lá, não é exatamente fácil...
Parte da estrada é de barro, pouco mais de 20 quilômetros, mas vale a pena.
O Hotel Fazenda Pai Mateus é rústico e tem chalés
confortáveis, com todas as comodidades, como camas box, banho quente, ar
condicionado... Além do mais, para quem quer descansar é o paraíso. Nada de
celulares, simplesmente não pegam... Perfeito!!!
Também não existem televisores nos quartos, o que agrada
alguns e desagrada outros.. Eu, particularmente, adorei!
Travado conhecimento com as acomodações, partimos para a
exploração do hotel. Charmoso, com instalações bem pensadas, inclusive para a
convivência entre os hóspedes, sendo possível contemplar os preás à procura de
alimento e pássaros de várias espécies de um lado para o outro. Basta deitar no
redário (para quem não sabe o que é, trata-se de um ambiente normalmente sem
paredes, onde ficam armadas várias redes, para a prática do esporte mais
prazeroso da terra: fazer nada) e ficar apreciando...
Superada a preguiça, os passeios são de tirar o fôlego,
sendo difícil de acreditar que estamos em plena caatinga!
Primeiramente, fomos a uma formação rochosa, chamada Saca
de Lã, porque tem a aparência de sacas de algodão empilhadas... Infelizmente,
não pudemos chegar lá, porque o rio começou a correr e não dava passagem, mas
valeu pela beleza, como se pode ver da foto...
Imperdível conhecer o mais famoso lajedo da região, o
Lajedo de Pai Mateus, que tem este nome em homenagem a um curandeiro que viveu
em uma das furnas lá existentes...
É um sem fim de pedras redondas sobre um grande lajedo,
algumas bem interessantes, como a Pedra do Capacete e a Pedra do Sino, que faz
o barulho característico deste.
Depois de tiradas as fotos, constatamos que uma delas se assemelha a uma pessoa deitada de lado.
Também muito interessante é o Lajedo do Bravo, onde o guia
Djair discorre sobre a vida dos antigos índios que habitavam a região. Lá
existem pinturas rupestres e furnas que dizem ter sido um cemitério naquela
época. Tudo absolutamente belo, com cactos brotando das pedras, formando um
jardim, e uma infinidade de macambiras enfeitando aquela imensidão.
Ah, não tem como não falar da comida feita no hotel...
Pratos regionais, com um tempero que não dá para explicar, incentivando o
pecado da gula... Não percam a galinha à Tota Lucena, cozida na cachaça! É de
comer rezando!
Também visitamos a cidade de Cabaceiras, distante cerca de
25 quilômetros do hotel, onde, na entrada, está o letreiro “Roliúde
Nordestina”, assim mesmo, abrasileirado, porque várias produções
cinematográficas já foram rodadas lá, sendo a mais conhecida o Auto da
Compadecida de Ariano Suassuna.
Uma cidade pequenina, com todas as características das
cidades do sertão nordestino. Interessante conversar com Zé de Sila, que tem um
misto de antiquário e lojinha de artesanato, com fotos de sua participação em
diversas destas produções de cinema e televisão.
A devoção ao bode está em todo lugar na cidade, com
estátuas do animal e, segundo os habitantes, a festa mais esperada é a do Bode
Rei, em junho.
Foi uma boa surpresa esta viagem e já estamos nos preparando para voltar!!!